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  Rancho Folclórico da Casa do Povo de Barqueiros
  BARQUEIROS - MESÃO FRIO - DOURO
REGIÃO DEMARCADA DO DOURO
Filiado no INATEL
Fundado em 1935 por Dona Maria Adelaide S. Guedes Paiva

 

Estas são algumas das nossas danças. Clique nos títulos e veja os vídeos:

- Chula Rabela

- Deixa-te estar aqui

- Fui ao Douro Às Vindimas

- Malhão do Douro

- Ó Rapaz aperta a faixa

- Repalhinha

- Venho da beira do rio

Rancho Folclórico da Casa do Povo de Barqueiros: origens, tradições e alguma história.

Fundado em 1935, o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Barqueiros tem as suas origens e tradições no legado dos marinheiros do Douro e dos jornaleiros que em terra saibraram as serras para fazer crescer a vinha. As danças e cantares que o grupo folclórico que representa a aldeia apresenta, ilustram os rituais de fé da partida dos marinheiros nos barcos Rabelo, mas também a festa e alegria da aldeia aquando do seu regresso. Não esquecendo as tradições agrícolas da jorna vinhateira, o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Barqueiros perpetua no seu reportório estes trabalhos, com natural destaque para a época das vindimas, temporada que ainda hoje faz a aldeia concentrar-se durante cerca de um mês na exclusiva tarefa de recolher as uvas produto de um ano agrícola de intenso labor. A riqueza das rimas e dos dizeres, a originalidade rítmica da coordenação dos pares e o carácter único das coreografias deste rancho, têm vindo a entusiasmar a pesquisa e recolha antropológia e etnográfica de muitos especialistas. Armando Leça e Pedro Homem de Melo são apenas dois dos melhores exemplos disso mesmo, tendo qualquer um deles visitado, acompanhado e convivido com o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Barqueiros por variadíssimas ocasiões dando disso testemunho em diferentes publicações.

A riqueza etnográfica que o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Barqueiros herdou dos costumes e legados das gerações anteriores de barqueirenses tem na 'Chula Rabela' o seu maior tesouro. É um "dom exclusivo de Barqueiros e faz a glória coreográfica desta aldeia perdida nos montes, pequeno oásis de verdura e aconchego na altaneira aridez desta paisagem de melancolia." (in Cancioneiro do Alto Douro). Os harmoniosos acordes deste verdadeiro hino informal da aldeia têm sido recolhidos por muitos músicos portugueses, tendo a interpretação ao cavaquinho de Júlio Pereira levado a sonoridade da Chula Rabela um pouco por todo o mundo.

Variando das temáticas ligadas ao rio, às representações da vida agrícola entre os vinhedos e ao encenar do antigo e bucólico dia a dia da aldeia, o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Barqueiros apresenta um reportório vasto e variado. Em 'Deita a Barca ao Rio' é expressa a relação ambivalente dos barqueirenses com o Douro que tanto lhes dá o sustento, como lhes traz a angústia e mesmo a dor profunda da perda dos seus marinheiros. No 'Fui ao Douro às Vindimas' evocam-se as rogas de rapazes e raparigas que seguiam em direcção às grandes quintas para a época de mais trabalho, mas também de mais alegria, do ano agrícola duriense. Já a 'Repalhinha' é uma dança que sublima o vigor físico do homem e a graça volátil das raparigas, num enredo fortemente musical onde a simplicidade e alegria da letra retrata o eterno jogo de amores entre moças e moços. É destas e de outras vivências que se fazem as aclamadas exibições de um dos mais respeitados grupos folclóricos da Região Demarcada do Douro e, claro está, de Portugal.

Já com mais de setenta anos de história, o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Barqueiros percorreu e percorre todo o país, alargando a sua actividade além fronteiras do sul ao norte da Europa. Logo em 1937 foi primeiro classificado nas festas vindimárias, numa exibição em Lisboa que lhe valeu a atribuição do Cacho Dourado. Nesse mesmo ano vence a Taça Tejo como consagração pelo primeiro prémio nas festas do Rio Tejo em Lisboa. Em 1948 consegue um segundo lugar num festival internacional realizado em Madrid, e em 1958 é escolhido como representante português para participar nas Olimpíadas de 1960. Desde 1983 tem coleccionado diversas participações nas "Europeades", viajando e levando as tradições de Barqueiros a França, Itália, Alemanha e Espanha.

Fundado em anciãs e fidedignas memórias e profundamente enraizado na vontade e querer de todos os seus componentes, o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Barqueiros dá vida a uma "música do Douro viva, dinâmica e varonilmente sentimental." Uma música inquebrantável que se finca a todo o querer no espírito geracional do povo: "Que fraqueza ou morbidez seria compatível com a altanaria dos nossos montes, com a força torrencial do nosso Douro que abriu caminho por entre rochas milenares? A raça transmontana é sã e forte!" (in Cancioneiro do Alto Douro)


 

Fonte bibliográfica:

Paiva, Mª Adelaide Silva - Cancioneiro do Alto Douro - 1994, Vila Real